A 24ª edição do BBB começou há pouco tempo e já está envolvida em polêmicas. Com a premissa de inclusão e equidade, o programa conta com a participação de Vinicius Rodrigues, medalhista paraolímpico e recordista mundial do atletismo. No entanto, o programa claramente falhou no preparo para receber o atleta em sua primeira prova do líder no reality show.
Falta de preparo e timing
(Miriam Jeske/CPB)
Logo na primeira prova do líder da 24ª edição do programa, ficou clara a falta de preparo do programa para lidar com um participante deficiente físico, prejudicando-o. Durante o circuito da prova, Vinicius decidiu tirar a prótese que estava utilizando e, em determinado momento, teve de trocar por outro modelo, preparado para ambiente aquático.
O grande problema foi a dinâmica da prova, que promoveu uma demora e mostrou pouco conhecimento em relação a como lidar com o atleta e suas próteses. Se o circuito da prova consistisse em um momento submerso ou com contato de grande volume de água, a produção do programa deveria estar preparada para que, neste momento, a troca da prótese do atleta pudesse ser feita da maneira mais imediata e fácil possível, o que não aconteceu.
Esse comportamento reflete também os vários ambientes que, apesar de se dizerem preparados para receber pessoas com necessidades especiais diversas, apresentam dificuldades em lidar com as necessidades dos indivíduos. O ativista e influenciador da causa das Pessoas com deficiência, Ivan Baron, foi às suas redes sociais criticar a organização do programa e a emissora.
“Não adianta colocar um participante atleta paralímpico e não fornecer a acessibilidade necessária para que a competição tenha equidade. É óbvio que ele vai se prejudicar nessa prova”, escreveu no Twitter.
Apenas o segundo deficiente físico a participar do programa
A 17ª edição (2017) do Big Brother Brasil da Globo contou com sua primeira participante com deficiência física, Marinalva de Almeida, também paratleta. A provável maior dificuldade que a atleta enfrentou na edição em que participou foram situações de preconceito com outros participantes, o que também vem acontecendo com Vinicius. Na edição em que Marinalva de Almeida participou, ela teve bons desempenhos nas provas, principalmente nas de resistência, dado seu histórico de atleta.
Apenas na edição de 2024 do Big Brother Brasil é que estamos vendo uma pessoa com deficiência novamente na casa, no entanto, isso não isenta a produção do programa na falha de tratamento para com o paratleta que participa da 24ª edição. Espera-se que, sete anos após a participação da primeira participante deficiente, o programa e suas provas tenham um melhor preparo para receber todos os tipos de participantes e promover equidade entre todos os que estão na casa.
Se o programa está realmente disposto a receber pessoas com deficiências físicas diversas e ir além apenas do título de inclusivo, a organização precisa desde agora estar atenta, seja na estrutura da casa, no design das provas e em quaisquer outros pontos relevantes de antemão.
Texto por: Fernando Paixão Rosa
