“Echo”: Muita ação e representatividade

Muita ação e representatividade na nova série Echo

Seguindo imediatamente os eventos finais da série Gavião Arqueiro, “Echo” continua a jornada de Maya Lopez logo após seu confronto com o Rei do Crime.

A série, composta por 5 episódios, nos apresenta o retorno da personagem às suas origens, junto à nação e ao povo Choctaw. Dessa forma, Maya lida com seus traumas, suas relações familiares e com sua própria cultura de origem.

“Echo” adota um tom consideravelmente mais sombrio, com cenas de ação mais violentas e realistas do que a maioria das produções da Marvel Studios apresentou até então. Isso a aproxima de séries anteriores, não diretamente vinculadas ao UCM, como “Justiceiro” e “Demolidor” da Netflix.

A série é baseada na personagem Echo da Marvel Comics e é a décima série de televisão do Universo Cinematográfico Marvel (UCM) produzida pelo Marvel Studios, compartilhando continuidade com os filmes da franquia. A série é um spin-off da série Hawkeye (2021) e mostra Maya Lopez retornando à sua cidade natal, onde ela deve aceitar seu passado, se reconectar com suas raízes nativas americanas e abraçar sua família e comunidade. A série é estrelada por Alaqua Cox como Maya Lopez / Eco, com a participação de nomes como Chaske Spencer, Tantoo Cardinal, Charlie Cox, Devery Jacobs, Zahn McClarnon, Cody Lightning, Graham Greene e Vincent D’Onofrio também estrelando. A série foi lançada com todos os episódios simultaneamente no Disney+ e Hulu em 9 de janeiro de 2024 e consiste em cinco episódios. É o primeiro lançamento televisivo da Marvel Studios a estrear no Hulu e a receber uma classificação para maiores. É parte da Fase Cinco do UCM e a primeira série sob o selo “Marvel Spotlight”.

Dupla Representatividade

Tanto a atriz Alaqua Cox quanto sua personagem fornecem à série uma dupla representatividade. Alaqua, assim como Maya Lopez/Echo, tem deficiência auditiva e é amputada. Além disso, ela representa uma minoria étnica indígena, da etnia Choctaw (personagem) e Menominee (atriz). Não apenas isso, atriz e personagem assumem um papel histórico, sendo as primeiras protagonistas nominais de uma obra audiovisual de super-heróis! Esse protagonismo proporciona mais visibilidade e possibilidades de representatividade para a população com deficiência física diversa.

Linguagem de Sinais em Destaque

(crédito: Marvel/Disney Plus)

Desde a introdução da personagem Echo nas produções do MCU (Universo Cinematográfico Marvel) na série Gavião Arqueiro (2021), ela trouxe consigo, juntamente com Eternos, outra produção do mesmo ano, algo até então ausente nas produções da Marvel Studios: representatividade de pessoas com deficiência específica e em destaque.

A aparição de Makkari (Lauren Ridloff), a primeira super-heroína surda das telonas (Eternos), influenciou no aumento da procura por linguagem de sinais (norte-americana) em aplicativos de línguas, assim como a busca por “aprendizado básico de língua de sinais” em mecanismos de busca (via CBR). Apesar disso, o filme não foca nem na personagem, nem na linguagem de sinais.

Ao contrário, Echo coloca tanto a personagem quanto sua deficiência, bem como a linguagem de sinais, em primeiro plano, de maneira responsável e enriquecedora, trazendo não apenas representatividade, mas também um importante contato do público geral com essa temática.

Humanizando pessoas com deficiência na Cultura Pop

Alaqua Cox como Maya Lopez na série Echo

Um ponto muito relevante trabalhado na série é a humanização da personagem Cox. Maya, apesar de ser forte e extremamente capaz, não é sobre-humana (apesar da ligação mística relacionada à cultura Choctaw). Como uma mulher humana comum, ela possui qualidades e defeitos, moral e falhas. Diferentemente do que a cultura pop fez por muitos anos, retratando pessoas fora dos padrões e deficientes como moralmente perfeitas ou totalmente alinhadas ao bem, ou como vilões imorais e irremediáveis, em Echo, a protagonista é uma anti-heroína, e suas escolhas, ações e aptidões morais independem de sua condição como deficiente, eliminando a tendência de dualizar e representar de forma caricata pessoas com deficiência física.

Acertos e Erros

Apesar de demonstrar que a produção e a equipe envolvida finalmente passaram a prestar atenção na diversidade, a série conta com alguns erros (alguns diriam desvios da realidade) e acertos encarnados pelo uso de aspectos alegóricos e lúdicos durante as cenas. Se, em determinados momentos, vemos a personagem passando por situações irreais e incompatíveis com sua realidade como uma pessoa surda, como em cenas relacionadas à condução de seu veículo e a interação com o mundo nesses momentos, tornando as coisas insólitas. Em outros, a equipe de engenheiros e designers de som utiliza a trilha sonora e a ambientação para nos mostrar como a personagem vivencia e utiliza sua deficiência a seu favor. Momentos de ação ou mesmo cenas mais calmas em que a ambientação escolhida pega o espectador pela mão e o faz vivenciar um pouco da realidade da personagem são um grande acerto da produção.

Sobre a atriz

Alaqua Cox é uma atriz de 26 anos (13 de fevereiro de 1997), 1,73 de altura, nascida na reserva indígena Menominee em Winscotin nos EUA. A atriz é surda de nascença e amputada na parte inferior da perna direita. Ela é a primeira atriz com deficiência física a conseguir um papel de protagonista titular em uma produção de super-heróis.

Texto por: Fernando Paixão Rosa

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