O capacitismo, um assunto muitas vezes ignorado, é uma forma de discriminação que afeta diretamente a vida de milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo. No nosso dia a dia, muitas vezes nas conversas mais banais, até em ambientes estritamente formais, podemos acabar utilizando termos, expressões e atitudes que acabam por ser capacitistas. A maioria das pessoas acaba não percebendo, pois não conhecem a raiz dessas expressões ou talvez não tenham parado para pensar sobre.
Então é preciso entender o que é o capacitismo, como ele se manifesta em nosso dia a dia e, mais importante, mas como podemos combatê-lo para construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
O Que é Capacitismo?
Capacitismo é um termo que define a discriminação contra pessoas com deficiência, as colocando como inferiores ou incapazes de realizar diversas ações e ou funções. Ele se revela de diversas maneiras, desde atitudes e estereótipos até barreiras físicas e sociais que dificultam a plena participação dessas pessoas na sociedade. Este fenômeno não é apenas um problema individual, mas algo profundamente enraizado em estruturas sociais e institucionais.
Quem é que nunca ouviu alguém dizendo coisas como “dar uma de João sem braço”, relacionando a preguiça a condição física de ter uma amputação ou nascer sem um braço. Ambas as coisas, claramente, não têm relação nenhuma. Ou mesmo escutar uma pergunta do tipo “você está cego/surdo?”, muito relacionado à falta de atenção ou interesse, mas nem a deficiência auditiva e visão tem relação com atenção ou interesse em algo. Esse e outros tipos de relações preconceituosas acabam passando desapercebidas no nosso cotidiano.
Como o Capacitismo se Mostra?
O capacitismo assume diversas formas, algumas delas bastante sutis. Aqui estão alguns exemplos práticos:
Estereótipos e Palavras Ofensivas: O uso de estereótipos e linguagem depreciativa contribui para a marginalização das pessoas com deficiência. É fundamental abandonar termos ofensivos e promover uma comunicação mais respeitosa.
Falta de Acessibilidade: A ausência de acessibilidade em espaços públicos, transportes e tecnologia cria barreiras que isolam as pessoas com deficiência. Rampas, elevadores, legendas em vídeos e websites acessíveis são medidas essenciais para garantir a inclusão.
Atitudes Piedosas: Tratar as pessoas com deficiência com piedade, em vez de respeito, reforça a ideia de inferioridade e contribui para a exclusão social.
Discriminação no Emprego: A recusa em contratar pessoas com deficiência baseada em estereótipos prejudica a igualdade no ambiente de trabalho.
Falta de Representação: A falta de representação de pessoas com deficiência na mídia contribui para a invisibilidade e o silenciamento de suas vozes.
Como Combater o Capacitismo?
Educação e Conscientização: A educação desempenha um papel fundamental no combate ao capacitismo. É necessário promover a conscientização sobre as diferentes formas de deficiência, desmistificando estereótipos e fomentando uma compreensão mais ampla.
Acessibilidade em Todos os Setores: Garantir que espaços públicos, transportes, tecnologia e informações sejam acessíveis a todos é crucial. A inclusão de rampas, elevadores, legendas em vídeos e websites acessíveis é uma prioridade.
Linguagem Respeitosa: Opte por uma linguagem inclusiva que respeite a dignidade das pessoas com deficiência. Evite termos depreciativos e esteja atento ao impacto das palavras utilizadas.
Inclusão no Ambiente de Trabalho: Empresas e organizações devem adotar políticas inclusivas de emprego, proporcionando oportunidades iguais e eliminando preconceitos na contratação e promoção.
Representação na Mídia: Apoiar e promover uma representação positiva de pessoas com deficiência na mídia é essencial. Isso inclui a inclusão de personagens com deficiência em programas de televisão, filmes e campanhas publicitárias. E mais: que os personagens deficientes sejam interpretados por atores que tenham a respectiva deficiência.
Compreender e combater o capacitismo é um passo crucial para construir uma sociedade verdadeiramente inclusiva, eliminando vícios de linguagem e comportamental que sejam preconceituosas. Ao promover a conscientização, a acessibilidade e a representação, contribuímos para um mundo onde todas as pessoas, independentemente de suas habilidades, possam viver sem discriminação, participando plenamente da vida em sociedade.
Texto: Fernando Paixão Rosa